sábado, 3 de novembro de 2012

But I'm not an artist

Eu penso na inveja que sinto do seu talento. No quanto eu acho injusto tudo o que você tem. Pior que isso, eu não o invejo porque queria ter o que você tem, e sim porque não me sinto incluída. Não me sinto parte da parte mais bonita da sua vida. Da criação, da arte.
Me incomoda conversar sobre o talento que você nega ter, que jura que possuo. Choro quando te ouço dizer que eu poderia fazer coisas incríveis, desde que me concentrasse no que quero, enquanto você é incrível apenas dormindo na rede.
Olho pra você, lembro das nossas tardes nos cafés da cidade-modelo e penso em tudo o que já me disse. Em tudo que poderia citar em um livro, um poema, uma entrevista. Penso em todo o sentido que você me dá.
Te encaro, olho nos seus olhos, e vejo o tom mais bonito. E após todos os nossos encontros, passo horas enxergando o mundo nesse tom castanho dos teus olhos. Nesse tom sóbrio, e quente, e ensolarado.
Tento te escrever, me inspirar em você e em suas covinhas. Nas veias dos seus braços tão brancos.
Mas não tenho talento. E me dói porque queria ter. Porque vivo pra isso. Porque sonho com isso. Com todas as expressões significativas que poderia criar. Com todas as pessoas que iriam me dizer que se inspirara em mim pra fazer o mesmo que eu.
Mas não tenho talento, e me falta tanto. E por mais que tenha em meu coração um amor inviável, e por mais que sinta saindo de mim uma doçura alucinante, me falta o que mais amo, o que mais preciso, o que me faz pulsar.
Me desculpe por deixar a falta me afetar. Sou ingrata. Sou insegura. Sou horrível. Desejo a beleza que não terei, o dinheiro que não terei, o talento que não nasci pra ter.
E por mais que esmague, e que doa, e que amargue, e que me faça sofrer, o castanho que vejo em tudo por sua causa sempre irá me inspirar, por mais incapaz que eu seja de criar.

domingo, 14 de outubro de 2012

Limitless undying love

Me parece errado falar de amor estando longe de você porque sinto que o que sinto é um ensaio. Te amo sempre, é claro. Mas apenas ao teu lado sinto o amor em sua totalidade. Só em tua presença sinto o que tento escrever sobre.
Não sei o que dizer. Queria ser romântica e poética sobre o assunto, mas não sei como começar. Não conhecia essa característica do amor, essa parte que cala a gente.
Não conseguiria lembrar de todas as vezes que olhei para você e quis chorar. Não poderia contar a quantidade de vezes que te beijei e senti que havia alcançado a plenitude. Faz um ano que você reconheceu em mim o que eu reconheci em você desde o primeiro olhar. Faz um ano que não consigo não sorrir enquanto ando pelo conheci caminho que me leva à sua casa.
Sua doçura se revela maior a cada dia, a cada telefonema. Seu amor vem me acolher toda noite, e sua voz gentil me acalma. Encontro em você tudo o que me faz bem. Encontro em todas as músicas bonitas algo que você mereça escutar.
Mas tento e não consigo. Não consigo colocar em palavras o que me afoga de forma tão doce há um ano. Só sei dizer que te amo. Só sei pensar que te amo, e só sei sentir esse amor.
Não tenho palavras pra expressar o quanto quero te agradecer por ter escolhido fazer parte da minha vida. Mais do que isso,  não tenho palavras pra expressar o quanto quero te agradecer por ter escolhido continuar fazendo parte da minha vida após tantos ventos e eventos.
Obrigada por todos os beijos, abraços e cafunés. Obrigada por todas as xícaras de chá e de café. Obrigada por todos os presentes inacreditáveis. Obrigada por prestar tanta atenção em quem eu sou. Obrigada por aceitar meu sentimento. Obrigada por permitir que eu te ame.
Desculpe por não conseguir escrever um texto de amor digno de você, digno do meu sentimento por você. Me desculpe por não ser nem metade do que você merece. Me desculpe por ter tantas falhas e nenhum talento. Sei que sou toda errada, mas espero que você saiba que apesar de não ter muito, tudo o que tenho é seu.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

The new

Fazia porque amava, e fazia uma dessas coisas que não é qualquer um que faz. Não porque poucos são capazes, sempre achei que qualquer um pode fazer qualquer coisa, mas não é qualquer um que faz o que ele faz porque é uma dessas coisas que você só faz se amar, e ele amava. E por mais que chegasse cansado, de coração partido e olhos verdes apagados, chegava brilhando, porque fazia o que amava.
Olhava pra mim com olhos apagados, porque não entendia, acredito eu. Mas ainda apagados, seus olhos eram imensamente verdes e me engoliam por inteiro. Me sentia nadando em um mar livre de algas, de peixes, de areia, de toda aquela coisa incômoda. Me via nua, e me movia tão graciosamente que parecia flutuar. Mas então ele se movia, ou falava algo, e eu era retirada daquela imensidão verde de carinho e desejo.
Poucas vezes prestava atenção no que dizia. Não era possível, seus olhos não deixavam, seu brilho impedia. Ao contrário dos seus, os meus brilhavam, como que em prece.
Quando percebia, seus olhos apagados ficavam doces e ele dizia, ternamente, "Por favor, para".
O mar verde se fechava e eu voltava para o preto do finito.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Melancolia

Eu vejo seus olhos e eles não são verdes. São castanho claro, cor de amêndoa. São ternos e calmos. Tudo neles me diz "eu te amo".
Olho sua pele e ela não possui muitas pintas. Mas é branca, como um copo de leite. Fica vermelha com a mais fraca mordida. Reclama. Reclama enquanto você sorri.
Toco seu cabelo e ele é macio. É formado por cachos que nunca se desfazem, e que às vezes caem por sua testa, emoldurando seu rosto de obra prima.
Pego em suas mãos e elas não são muito maiores que as minhas. Possuem dedos grossos. Possui toque único.
E por mais que eu tente me proteger, seu sorriso me desarma. Suas palavras me congelam. Seu corpo o meu acolhe.
E eu te amo. Te amo com tudo que tenho, com tudo o que sou.
Mas existe um peso que não consigo explicar.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Yet you drowned in the sky

Tenho vindo aqui e ficado arrepiada. Nervosa. Angustiada. Como se um grande caminhão de sinceras opiniões fosse me atingir em cheio. Então fico alguns segundos e fecho tudo, desesperada.
Tenho estado desesperada, descompassada. O desejo de ter tudo voltou. Me sinto mimada novamente. Me sinto a garota que ganhou uma um pônei e ainda assim quer uma casinha de boneca. Mas dizem não.
É como no filme, certo? "Lost in a fever of pain and pleasure"
Mas o que pega mesmo é o lost.

Me desculpe se gosto dos seus olhos.
Mas não sei querer nada.

sábado, 14 de julho de 2012

O tempo em que

Me pergunto o que aconteceu. Quando deixei de ser engolida por textos, cenas, ideais, ideias. Eram enxurradas. Eram gotas caindo sem nenhum tipo de ordem. Tantas. Grossas, finas, fracas, fortes, coloridas, preto e branco. Mas existiam, me pertenciam, me acariciavam. Eram como os bancos de Tereza, e os casos de Tomas. Nunca soube realmente o que fazer com tudo aquilo, era muito complicado, era muito parecido. Muito pessoal.
E não consigo falar sobre o cheiro de pessoas desconhecidas que me toca. Não consigo falar sobre os filmes bonitos que me tocam. Não consigo falar sobre as músicas, os passos, os ventos.
Penso que com sons seria mais fácil. Não é. Penso que com fotografias seria mais fácil. Não é. Penso que seria mais fácil, se por acaso...

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Jesu

Ser feliz no amor é só coincidência.
Que nem achar a face de Jesus no pão
Toda manhã.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Wouldn't Mama Be Proud

É difícil dizer o que tem de errado. Eu ainda não me resolvi, e ainda quero ser tudo. Não sei o que sou, não sei o que não deveria ser. Minha compreensão é minúscula e pra não faltar o clichê, pessoas são cruéis. Pregam uma gentileza que não fornecem. Pregam uma compaixão que não te dão. Gritam e gritam e gritam que você quer atenção só pra ver se chamam a dos outros. Dizem que você não é mas te tratam como se fosse. E fingem que não estão. Vozes me irritam tilintos gotejos barulhos ventos momentos eventos. Sou engolida por dores que não conheço. Por culpas que não entendo. Por espelhos demasiadamente sinceros. O ser humano é naturalmente social e eu só tenho as mesmas faces e as mesmas vozes. Quanto mais me abro mais afasto o mundo. E não posso falar porque não me escutam.

Little Red

Não há café. Não há cigarro. Não há apartamento. Não há asa. Não há gato. Cachorro. Raposa. Não há chuva. Não há beijo na chuva.
Sei que tem pressa, e vontade.
Mas eu sei que não há razão. Que não há possibilidade. Que não há futuro. Posso passar a noite, mas noites são partes, parcelas, metades.
A vida é inteira, mas eu não sou. Não sou nada ainda. Sou anseios. Sou o que apenas dezoito anos puderam gerar. Muito pouco, quase nada. E você é um mundo todo.
Quero tudo e quero nada.
E "tudo que posso ter não é tudo que você pode me dar".

segunda-feira, 2 de julho de 2012

I've been such a disgusting girl

Na cama não sou espaçosa. Me comprimo, me encontro em posição fetal. Suas mãos eram quentes, ainda são. Passavam pelo meu cabelo, rosto. Bochechas, nariz, boca, queixo. Pescoço, ombro. Seios, cintura, bunda, pernas. Pousavam em meu quadril, quentes, como uma fornalha.
Eu dormi todo os dias virada pra janela, se não me engano. A luz do sol fraco de São Paulo me acordava com um beijo desesperado. Me movia, te acordava. Me sentia sufocada por uma realidade que ainda não aceito e abria a janela do quarto claustrofóbico do hotel com jeitinho de albergue.
Sentava na mesa, acendia um cigarro, soprava pra fora do quarto.Você me olhava daquele jeito incômodo, com olhos de café preto. Logo levantava, me puxava ao encontro do seu corpo, me beijava, dizia um fraco bom dia. Falava do café, do metrô, dos planos. Virava as costas, ia de lá pra cá. Eu queria dançar, rodopiar por aí, me sentir muito Lolita com meus ainda não adquiridos óculos em formato de coração e cabelos ruivos que perdiam a cor a cada moto barulhenta, a cada buzina, a cada lembrança de Brasília e suas superquadras com seus super egos.
Não te falei mas me sentia exausta. Não te falo mas me sinto como esposa. Como Lolita, mãe aos 17, mas sem filho. Só o cansaço. Só o eco da voz das crianças que cantam.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Antes da chuva de sangue

Não sei mais como é viver como se fosse dissolver-me amanhã*. A felicidade nos deixa burros, alienados, cegos. Nos faz ver coisas boas ao invés de tentar solucionar as ruins. Nos acomoda.
Não nos lembra que não é eterno. Não nos lembra que é efêmera. Não nos lembra da tempestade que virá nos atormentar. Dos grandes estragos. Das ventanias.
Da chuva de sangue.
O amor nos isola, nos deixa dependentes, nos deixa mimados. O amor nos estraga, nos abandona quando lhe convém, e não conhece limites. O amor tira nossas asas.
Então, me explique a vontade de acordar ao lado. De fazer panquecas e tomar café. De dividir um cigarro. Me explique o desejo nos olhos e o fogo no coração. O prazer, a vontade. Me fale sobre a delícia do toque, sobre o significado escondido em cada um.
Mas por favor, me explique a inconstância, o excesso de planos. O excesso de expectativas. O excesso de borboletas no estômago. De medo. De insegurança.
Me explica as cores bonitas das árvores e o cheiro gostoso do vento.
Me diz que seu amor não vai abrir as mãos e esquecer do pássaro.

--
Obrigada pelo dissolver, Natália.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Aparentemente o fundo do poço é só uma passagem pra um poço mais fundo

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Aqui

Não sei como será, e já estou dizendo adeus dolorosos a ruas que ainda não me deixaram. Me imagino vivendo em um lugar que talvez não seja meu. Tô me expulsando do berço sendo que ainda não consigo andar.
Preciso de mais força. Preciso de mais tempo longe das corujas maravilhosas que vivem naquele espaço gigantesco. Preciso de mais tempo longe de tudo o que eu amo porque tudo o que eu amo é tudo o que eu sou.
E eu preciso de um tempo longe de mim, porque quero ser outra coisa.
Seus poemas me doem a alma.
Aquele corredor é infinito e não tem escapatória.
Os ônibus são barulhentos e passam por ruas severamente conhecidas.
Que não aguento mais.
Flores que não aguento mais ver.
Cores que não suporto.
Não quero lago.
Não quero mar.
Quero concreto.
Quero o artificial.
Carros, problemas, enchentes, metrô lotado, cidade lotada, ônibus lotado.
Preciso de mente lotada pra me esquecer de tudo o que não quero saber.
Não sei se me perdi mas não quero me encontrar, nem virar a rua e topar com alguém.
Nem esperar o ônibus e topar com alguém.
Não quero super-ar as- quadras, não quero as satélites, não quero todos os erros que continuam cometendo com essa cidade e que a cidade joga em mim.
Não quero Galeria dos Estados.
Bancos que se importem comigo.
Nem Sonhar de Olhos Abertos.
Não quero mais a Universidade de Brasília.
Não quero mais a seca que racha lábios
e corações.

sábado, 19 de maio de 2012

Quero ser Bukowski

Ando chateada com meu passarinho azul. Ele demora a cantar... e quando canta é desafinado. Erra notas. Canta a música errada.
Ando chateada com meu passarinho azul. Digo que se ele cooperar, vou tirá-lo da gaiola um pouco, deixar algumas pessoas verem, dizerem como ele é pequenino e felpudo. Mas ele ainda erra as notas, e ainda canta desafinado.
Fico chateada com meu passarinho azul, então fumo cigarros. E choro, pra que ele fique sem água. E não como, pra que ele não tenha forças... Não como pra que ele não cante errado, desafinado.
Em algumas madrugas ele me acorda. Consegue cantar. Consegue me fazer feliz. Fica pousado na cabeceira que nem existe, esperando que eu faça algo.
Mas fico cansada demais. Ando cansada demais. O seguro com as duas mãos e o devolvo pra dentro.
Viro pro lado.
Durmo.
Ele não volta mais.

Hoje em dia ele não canta mais.

Be free from it all

Brasília me deixa tonta. Os pássaros da UnB voam demais. Piam demais. Os Pavilhões geram muito eco, e não se escuta um respirar no subsolo da Biblioteca. O ICC  é movimentado demais, é todo mundo desconhecido demais. Mesmo os que abraço. Mesmo os que me abraçam.
Sinto falta do metrô. De dormir com meu amor. Dos ônibus ligados aos cabos de energia, como grandes bondes. Das praças em todo lugar.
De ruas se encontrando.
De não encontrar ninguém.
Brasília me sufoca. Tudo que eu já conheço me sufoca. Os prédios são bonitos demais. Não combinam comigo. A cidade é bem resolvida demais. Não combina comigo.
Agora cercam os prédios. Vamos perder o tombamento. Ninguém faz nada. Não combina comigo... a falta de ação.
Quero prédios velhos, igrejas velhas, a velha poluição pairando no ar. Umidade e frio ao mesmo tempo.
Não quero ter que escolher, porque eu não sei.
E eu nunca faço.
Quero Luisa de Camões. Quero o museu mais bonito do Brasil.
Quero sair do fundo do oceano.
Quero não mais estar afogada.
Quero me segurar em algo
Que não seja alguém.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Novembro

Sempre tive consciência da minha "solidão". Sempre achei minha presença o suficiente. Nunca precisei de ninguém pra me afagar os cabelos.
Por anos a solidão não me incomodou. Não precisei me acostumar com ela porque não tinha com o que se acostumar. Nunca houve nada.
Mas agora algo mudou.
E preciso me acostumar.
Tenho me acostumado.
Ando me acostumando com a tristeza de precisar de alguém muito específico para que haja sorrisos.
Quando sua própria presença lhe é o suficiente não há problema. Há problema quando você precisa da presença de alguém. E quando sente um amor insustentável de tão leve. E um desespero gritante de perder, de se esvair, de acabar.
E o medo corrói, a paranoia cega, e o amor desespera...
Mas seu amor me acolhe, me distraí, me põe pra dormir...
Mas seu amor me traz de volta pra casa.

sábado, 31 de março de 2012

Sem Saída

S é a letra mais bonita do alfabeto.
Pois é ela que toda noite diz
"Sou só seu".

Hang on to your IQ

E procuro tanto por bocas que tenham escrito o que quero dedicar a você, mas não acho. Ninguém seria capaz de colocar tanta angústia, dor, decepção, frustração e rancor em palavras. E nem eu o faço. Não ouso.
"Sem apego, sem saudade, sem drama, sem gritaria".
Perdão não faz sentido e você não faz por merecer. Não quer, e não precisa.
Que seja.
O rancor não vai me matar, mas matou o que restava e por isso ele é bem vindo.
Que permaneça, e permanecer, irá.
Agora descanse.
E meta a cara no muro.
E me pergunte o que te restará. Adoraria informar.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Momentâneo

E no infindável momento que consegui, por fim, tocar seu cabelo
Tudo foi pro ralo.

domingo, 11 de março de 2012

But I don't weep, do you?

Passar os dias sentada na escadaria era reconfortante, justamente porque foi uma coisa que você nunca gostou de fazer. Sempre me tirava de lá, queria sair pra comer, pra dançar, pra fumar. E eu gostava tanto daquele lugar, de poder ver o céu, tentar descobrir a que horas ia começar a chover, e essas coisas bem bobas e bem simples mesmo, de menininha nova com o amor-amigo.
E eu cantava Kings of Convenience e você dizia que não tinha praia. Eu cantava Beirut e você dizia que já era noite. Eu cantava The Tallest Man e você dizia que ventava demais. Eu fiquei tão cansada de todas as suas exigências, e eu não te achava em lugar nenhum porque você sempre esteve tão dentro de si mesmo que acabou sumindo do resto do mundo...
E depois de um tempo, o vinho foi ficando tão forte, o café foi ficando tão fraco, o barco já tinha afundado e eu fiquei sozinha com todas as coisas que eu queria te dizer mas você nunca ouviu, por causa da pressa pra se firmar em tudo o tempo inteiro.
O medo que eu nunca tive você tinha por nós dois, e eu via que era difícil caminhar, eu sentia o peso em todos os toques.
Eu gosto da escadaria porque me sinto como você sempre se sentiu. Um pouco acima de todo mundo. É mais fácil ver o que vem pela frente, e as luzes da cidade não atrapalham. Eu sei que tudo que você tem é difícil de lidar, mas só aqui eu entendo.
Só aqui eu te entendo.
Mas no Revéillon, pela primeira vez, seu adeus quis dizer até logo. E pela primeira vez, meu tchau quis dizer até nunca mais.

E agora que partiu, você deixou de ser um? Ou simplesmente deixou de ser?

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Brazilian Blue

Não é justo ser feliz e não gostar da felicidade.
Da facilidade, da simplicidade.
O nascer do Sol é tão bonito. O clima ameno, o sol fraquinho, o vento que parece soprado pela boca de outro, de tão simples, de tão bobo, de tão fraco, de tão bom.
Folk pra embalar, suco de maçã pra acompanhar, tanto amor pra espalhar...
O batom rosa-claro, os cabelos molhados, os vestidos rodados...
As super quadras, os cafés vazios, a cidade descansada de tanta gente tanto carro tanto barulho tanto tempo cinza tanta gente cinza...
Mas o que a gente sente depois de meses e meses de andorinhas e verões?

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

I'm not good at saying things

"If only I had an enemy bigger than my apathy I could have won."

Não venho, hoje, falar sobre nada. Contar histórias que de vez em quando aparecem na minha mente, ou falar sobre sentimentos que eu nunca tenho total certeza se existem de fato.
Hoje, eu venho só escrever. Tirar palavras de mim. Falar sobre o Sol que nunca vem e, quando vem, não fica. Também não vou falar sobre o que fiz, sobre o que achou. Não quero me importar. Não preciso.
Poderia citar o talento de tantos, que sempre parece - isso porque é mesmo - muito maior do que o meu. O meu que é ralo. O meu que é nulo. O meu que não está mais aqui.
Poderia chorar por todas as vidas que não vivo porque sou impossibilitada. Porque sou condenada a ser quem eu sou, por mais que eu possa ser tudo e qualquer coisa. Ainda que não possa realmente.
A chuva me cansa, o acordar, mais ainda. E eu não quero fazer sentido simplesmente porque não preciso.
Acho que, no final das contas, não preciso de nada. Por algum motivo, os grande navios portugueses apareceram na minha mente agora. Suas velas, o vento, o mar.
O início de um futuro pouco vantajoso para quem já estava aqui antes de tudo.
Eu tô tentando tanto, sabe. Ser tudo isso. Tudo que eu preciso ser, pelo menos por enquanto. Não me vejo com ninguém que não seja eu mesma, e as minhas certezas são as mesmas de tempos atrás.
Não quero pensar sobre isso, não quero pensar sobre nada. Quero deitar na cama, fechar meu olhos, imaginar a vida que me foi prometida, a única que me cabe.
Não me vejo em lugar nenhum, com ninguém, nada ao redor.
Gosto de estar sozinha porque me sinto livre. É difícil compreender as necessidades alheias, os sentimentos. É complicado lidar com isso tudo afogada em medo e em um passado que não me esquece.
Acho que andei em círculos. Que estou andando. Que sempre vou andar.
I'm not good. E me desculpo desde já.
Maybe I've seen too many movies, you know...