quarta-feira, 12 de setembro de 2012

The new

Fazia porque amava, e fazia uma dessas coisas que não é qualquer um que faz. Não porque poucos são capazes, sempre achei que qualquer um pode fazer qualquer coisa, mas não é qualquer um que faz o que ele faz porque é uma dessas coisas que você só faz se amar, e ele amava. E por mais que chegasse cansado, de coração partido e olhos verdes apagados, chegava brilhando, porque fazia o que amava.
Olhava pra mim com olhos apagados, porque não entendia, acredito eu. Mas ainda apagados, seus olhos eram imensamente verdes e me engoliam por inteiro. Me sentia nadando em um mar livre de algas, de peixes, de areia, de toda aquela coisa incômoda. Me via nua, e me movia tão graciosamente que parecia flutuar. Mas então ele se movia, ou falava algo, e eu era retirada daquela imensidão verde de carinho e desejo.
Poucas vezes prestava atenção no que dizia. Não era possível, seus olhos não deixavam, seu brilho impedia. Ao contrário dos seus, os meus brilhavam, como que em prece.
Quando percebia, seus olhos apagados ficavam doces e ele dizia, ternamente, "Por favor, para".
O mar verde se fechava e eu voltava para o preto do finito.

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