segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Deixa disso, camarada.

Engraçado como ele arruma o bigode com os dedos, delicadamente. Como se bigodes fossem "arrumáveis", quem dirá delicadamente, com os dedos... Ao ver que eu olhava aquela cena e ria com uma expressão de deboche, meio tímido, ele levantou a sobrancelha esquerda. Um tanto sedutor. Ele era sedutor. Coma quele bigode e cara de Cowboy do Cerrado... Se aproximou de mim e começou:
- Posso te pagar uma bebida?
- Você não precisa me pagar uma bebida pra falar comigo.
- Ok, dona. Então faremos o seguinte: você me paga uma bebida e eu deixo a senhora falar comigo.
Me lançou um olhar desafiador, como se tivesse me laçado. Achei engraçado.
- Se eu quisesse pagar para conversar com alguém, eu ligaria para o chat line.
Aquilo pareceu surpreendê-lo. Gargalhou.
- Eu pago a minha, você paga a sua e todo mundo fica feliz.
- Qualquer coisa que seja conhaque?
- Menina!
O que mais me assusta é sue jeito de olhar. De quase ignorar. Um certo ar de superioridade. Como se quisesse me dominar, ao mesmo tempo que tem olhos frágeis e sozinhos e, visivelmente, me querem.
Um querer assustador, uma fragilidade doce e amarga. À beira da agonia, mas está mais perto da ternura. Ternura de seus braços magros e suas camisas esquisitas, a maneira desajeitada de beber uísque, como se não gostasse. Tenho medo do passado sombrio, medo das piadas nonsense, medo da camisa xadrez, medo do quanto andaria só para poder o encontrar.

Por: Mim e Natália (mais por ela do que por mim, devo admitir).

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

We drink to die, we drink tonight

"Eu tinha ambições que não cabiam na minha cidade e uma imaginação que me deu uma visão exagerada do mundo. Vivia sonhando acordado..."


Se a conexão era forte antes, Zach, imagine agora...

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

How to disappear completely.

E desde muito pequeno ele, com seus cachos mal formados, se olhava no espelho e perguntava:
"Por que não posso ser um Dinossauro?"
"Por que não posso ser um Dragão?"
Ninguém respondia. Nada respondia. Então ele começou a ir junto com as coisas e parar de fazer perguntas bobas...

Nem os cachos sobraram.


terça-feira, 23 de novembro de 2010

"Thanks to suffering, you have a chance to cultivate your understanding and your compassion. Without suffering there's no way you could learn to be compassionate. That's why suffering is noble. You should not allow suffering to overwhelm you, but if you know how to look deeply into suffering and learn from it, then you'll have the wisdom of understanding and compassion."
Thich Nhat Hahn.

sábado, 20 de novembro de 2010

With = Without.

Quando você tem certeza que poderia ficar olhando-o para sempre. Calada, apenas observando.
Quando você tem certeza que, se ele fizesse o mesmo com você, não viveria para descrever a sensação.

Quando você tem certeza.

It's overwhelming.

domingo, 14 de novembro de 2010

0237.

Temo que seja, de fato, falta do que dizer.
Mas eu ainda estou com a sensação de que não aconteceu.


"Transbordando um amor que ainda não nasceu, eu sou alegria em forma de lâmina".

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

I'm so tired.

Fazia bastante tempo que eu não me sentia um terreno baldio. Tanto tempo que me desacostumei.
Me desacostumar foi a pior coisa que eu fiz. Nunca devemos nos desacostumar com as coisas ruins. Nunca. Principalmente se elas fazem parte da sua vida.
E agora, o que faço?

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Preciso expulsar o medo. Ele consome.


E ela me abandonou. Ela e todas as outras vozes.

sábado, 21 de agosto de 2010

We force ourselves

Nunca senti algo tão horrível quanto a agonia de querer escrever e não conseguir, não conseguir organizar as ideias, ou pior: não conseguir ter ideias.
Se eu já não acreditava em minhas habilidades antes, agora que não acredito mesmo, mas o que eu quero dizer é: senti falta. E ainda sinto.
À todos que já fizeram elogios sinceros aos meus textos, eu agradeço do fundo do meu coração.
E eu espero em breve voltar a postar aqui com frequência coisas dignas, coisas que me deem orgulho, que eu perceba que vocês merecem ler.
Espero em breve conseguir voltar a escrever, como pura tentativa de me manter sã.



The Album Leaf - Over the Pond

The body stays, and then the body moves on.

Estávamos deitados. Eu com a cabeça em sua barriga e ele com a cabeça no travesseiro do batman. Ele dizia ser do irmão, mas eu nunca acreditei.
Gostava de ficar com ele em seu quarto. Era tudo muito bagunçado, jogado no chão, então minha presença ali não me parecia tão incômoda. Vez ou outra aparecia uma barata. Eu, mulherzinha que sou, me encolhia no canto enquanto ele ria, e ria, e ria... Gostava de me torturar com isso, sempre demorava para matá-las. Como elas eram seres vivos, fugiam e se escondiam nas roupas quentes, e ele só achava quando ia procurar uma calça ou algo do tipo. Aquilo me deixava perturbada, mas ele me abraçava e cantava alguma música que ele gostasse bastante - e que eu geralmente odiava, mas ficava escutando, quieta.
Ele me ensinava coisas. Coisas sobre conspirações, religiões, pessoas... mas nunca sobre si mesmo. Me direcionava um olhar profundo e doce e dizia que eu iria descobrir sozinha, eventualmente. E descobri, quase tudo. Quando já sabia o suficiente, fui, sempre com a sensação de que não sou eu quem vai embora.

sábado, 24 de julho de 2010

Swallow

É por isso que minha coragem se esvai. Ela se acumula, acumula, acumula até virar um peso do tamanho do universo e sai, meio sem querer, e vai até você. E te fala, e te mostra, e te diz que isso mesmo, que é isso aqui, que é isso que deveria ser. Isso, meus sonhos, meus pensamentos, meus devaneios, os diálogos que crio, as cenas que invento, os sons inexistente que ouço e os conselhos de uma garota que eu ouço e vejo. E que sorri pra mim, e que me abraça, e que me sente, e que me vê.


Enlouqueci.
E essa é a realidade dura e calejada.

domingo, 16 de maio de 2010

Quando eu olho assim pro lado, numa tarde dessas, de domingo, percebo que, do lado de dentro, aquele espaço que antes era vazio agora está ocupado pela tua presença em mim. E nesse espaço não cabe outra coisa senão todo o sentido que tu, depois de tanto tempo e entre tantas coisas que não deram certo, trouxe para minha vida. A única coisa que ainda não está certa é esse vazio que existe do lado de fora porque tua mão não está, nesse exato momento, segurando a minha. E é por isso que eu espero que o tempo corrija esse lapso de espaço e coloque todas as coisas em seus devidos lugares, já que meu lugar é ao lado teu.
Nessa e em todas as tardes de domingo.


domingo, 9 de maio de 2010

E revivi.

É irritante como algo que você ama fazer se torna horrível quando você é obrigada a fazê-lo. Isso acontece com uma frequência assustadora comigo. Eu sempre quis aprender a tocar violão, mas como o sangue que corre na minha veia artística não é talento, nunca consegui aprender sozinha. E então, o que fiz? Me matriculei em aulas, claro. Duas semanas depois, eu pensava em violão e ficava entediada. E isso é péssimo, porque não é desinteresse (eu acho), é só que obrigação é uma merda.
Estou lendo a saga O Guia do mochileiro das Galáxias. Não preciso dizer que meu coração está se enchendo de amor, preciso? É simplesmente incrível e eu não entendo por que não comecei a ler antes. Também estou lendo "Cartas à Milena", do Kafka. É triste demais. Lindos demais. Velho demais. Roubei da biblioteca do meu pai, ele ganhou em 1986 pelo que parece. Eu amo livros velhos. A páginas amarelas, o cheiro de poeira, o cuidado extremo que você tem que ter...
Estou escutando MGMT mais do que o aceitável nessa última semana. Como sou um tanto quanto compulsiva por cds/livros, não consegui não comprar. "Congratulations", o disco novo deles, é maravilhoso desde a capa até o último segundo da última música. Baixem, comprem, peguem emprestado, roubem... mas escutem.

Aleatória?Quem? Eu?

Não, a foto não está torta, você que está de ressaca.

segunda-feira, 26 de abril de 2010


"Eu tenho me sentido muito mal vendo minha capacidade de amar sendo destroçada, proibida, impedida".


domingo, 25 de abril de 2010

Good Day, sunshine

Estávamos no carro ao som de Bob Dylan. O céu não iria chover hoje, e o Sol brilhava como nunca algo ou alguém brilhou. O Céu transparecia nossas almas.
Ele parou o carro em frente a um Ipê amarelo, lindo, lindo. Me lembrava nossos domingos chuvosos, não sei porquê.
Ele abriu a porta, saiu do carro como alguém que reaprendeu a andar e tirou uma foto. Entrou novamente no carro, olhou para mim com olhos de Sol e disse:
- Vamos emoldurar e colocar na parede do quarto, bem de frente para a janela.
- Pra quê?
- Para que possamos falar com os pássaros.
Me deu um beijo, aquele beijo amargo com gosto de cigarro, riu da minha cara de sonsa. Na verdade, ele sempre ria, já que eu sempre ficava com essa "cara de sonsa". O culpado era ele, é claro. Ligou o carro e deu partida. Não olhou pra mim até chegarmos.
Não era necessário.


Eu não sei se tuas asas são reais, mas desde que eu as vi, não consigo parar de te olhar.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Carousels;

Eu tenho vários blogs, alguns deles que ninguém sabe da existência. Eu não consigo me abrir ao Mixórdia, as ideias, aqui, simplesmente não fluem mais, e, por mais que eu o ame, venho me dedicando a um desses blogs que eu disse que ninguém sabe da existência. O Carousels é um desses, um blog com, praticamente, apenas contos, que eu atualizo com uma certa frequência e eu venho sentindo que devo divulgá-lo. Não sei quantas pessoas leem o Mixórdia. Na verdade, não sei ao menos se alguém o lê, e prefiro que assim continue. No final, acho que o Mixórdia está, de fato, irresgatável.


Espero que gostem.
Ou não.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Pôr do Sol esquizofrênico.


Lucy, eu estava passeando pela rua hoje e, como de costume, olhei para o céu. O teu céu. Instantaneamente vieram aquelas perguntas chatas que eu sempre te faço e você nunca responde. Você habita minha mente, faz com que tua doce e decidida voz fique ecoando o tempo inteiro na minha cabeça e não me conta. Não me responde. Não me esclarece.
Lucy, as nuances do céu me encantam. Toda aquele azul, todas aquelas nuvens ou falta delas... É bonito. É tão bonito que corrói. Se aí é um lugar melhor que aqui, mesmo que apenas um pouquinho, você deveria me dizer, Lucy. Você deveria me contar, porque assim eu poderia encontrar você e teus diamantes.
Eu começo a pensar, Lucy, que aquele livro está certo. Que aquele livro está certo e que sim, acima de mim - não nós, porque você está lá, habitando alguma nuvem que vai e vem - está o Céu. Só isso, o Céu. Agora o que é o Céu é algo relativo e eu não devo dizer aqui. E que abaixo de nós talvez esteja o inferno. Não estou acima, não estou abaixo. Meio termo. Purgatório.
Seria, Lucy?

É, meus amigos, eles voltaram. E melhor do que nunca, devo acrescentar.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Cometa.

"Eu sempre soube que algo como um cometa existia dentro de você. Dava para sentir os rastros dele ainda quente, vindo das suas palavras."


Porque quando você conhece alguém especial e esse alguém te diz algo assim, você tem que acreditar.
Perdi a vontade de desistir de mim.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Queria ficar louca, mas louca mesmo. Nada de drama. Louca de ouvir vozes. Odeio ser lúcida e entender e ainda assim continuar sentindo; continuar errando.






Desacreditei do verbo
amar.