quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Through the clouds I see

Ela falava, falava e falava, e falava. Ele não escutava, só se preocupava em observar seus olhos chorosos, seus cabelos ondulados, sua pinta na bochecha e sua boca abrindo e fechando. Não ouvia, pois ocupava-se pensando que dia lindo estava lá fora, e que eles poderiam dar uma volta no parque, tirar algumas fotos e sentir inveja dos pássaros que por ali passavam, com suas asas lindas e sua liberdade encantadora e invejável. Ele sabia que ela estava feliz, ele sabia que ela estava chorando por coisas bobas, mas ele não suportava ser o culpado por seus olhos verdes soltarem lágrimas, mesmo que de alegria. Os dedos gelados e longos dele começaram a deslizar calmamente sobre os cabelos castanhos e embaraçados, fazendo-a fechar os olhos. Tocou as bochechas, fazendo-a sorrir. Tocou as pálpebras, a orelha esquerda. Tocou a pinta e a boca, fazendo-a parar de falar. Tocou o lábio inferior ferido, que sangrava. Tocou os lábio fartos de carne e sabor, fartos de sangue e amor, de carne e desejo. Os olhos verdes dela que abriram calmamente segundos atrás, agora fitavam os castanhos hipnóticos dele, com vontade de arrancá-los, para que apenas ela pudesse vê-los, para que apenas ela pudesse sentir o amor que transborda deles. Não se preocupe, ninguém mais sente, pequena. Ele disse de uma forma que a fez fechar os olhos verdes novamente e desmoronar em cima da cama bagunçada e cheia de algo bonito, algo como amor, não sei bem. Ele disse, fazendo-a fechar os olhos, desmoronar. Ele disse, fazendo os dedos gelados e bonitos abandonarem os lábios carnudos que sangravam.

Brown eyes, I'll hold you near, 'cause you're the only song I want to hear.

Nenhum comentário: