Olhava pra mim com olhos apagados, porque não entendia, acredito eu. Mas ainda apagados, seus olhos eram imensamente verdes e me engoliam por inteiro. Me sentia nadando em um mar livre de algas, de peixes, de areia, de toda aquela coisa incômoda. Me via nua, e me movia tão graciosamente que parecia flutuar. Mas então ele se movia, ou falava algo, e eu era retirada daquela imensidão verde de carinho e desejo.
Poucas vezes prestava atenção no que dizia. Não era possível, seus olhos não deixavam, seu brilho impedia. Ao contrário dos seus, os meus brilhavam, como que em prece.
Quando percebia, seus olhos apagados ficavam doces e ele dizia, ternamente, "Por favor, para".
O mar verde se fechava e eu voltava para o preto do finito.