Eu sempre escrevi como se fosse outra pessoa. Como se estivesse vendo o sofrimento, lendo os pensamentos de outros. Escrevia me baseando na compaixão pelo sentimento alheio, sendo que aquilo era tudo (m)eu.
Os nomes (Lucy, Alissa, Belle, Apolinne, e tantos outros) eram uma forma patética e pouco eficaz de fugir de mim mesma. Isso tudo resultou nisso. Na perda total da essência.
É por isso que não escrevo mais.
Todas as pessoas, com vidas e características próprias, tomaram uma dimensão tão fantástica em minha mente, que elas existiam de fato. Conviviam comigo, ao meu lado, o tempo inteiro.
E foram embora. Me levaram junto. Levaram tudo que eu tinha. O pouco que eu tinha.
E eu tento me recompor. E sempre que eu tento me recompor me vem você. Isso costumava ajudar. A sua imagem. O que eu imaginava. Mas isso não acontece mais, e eu me pergunto...
Por que a imaginação não é mais o suficiente?
Mas eu ainda consigo ouvir sua voz com clareza cantando aquela música do Spoon. E depois disso eu me afogo em um amor que eu espero nunca deixar de sentir.