sexta-feira, 19 de abril de 2013

Waiting.

A imagem não me abandona. Os dois, sentados em um restaurante qualquer. Ela ri, enquanto ele tem nos olhos o brilho que eu notei quando estava no lugar que ela ocupa. Bem cinematograficamente, as mãos se tocam de forma doce. Ela sorri, abaixa a cabeça. Está envergonhada. Ele a observa.
Saem do local, caminham pelas calçadas da comercial. Discutem sobre pra onde ir, o que fazer.
Vamos para a minha casa.
E vão. Ele segura seu rosto, a beija de forma terna. Estão no elevador. As portas se abrem e de mãos dadas eles continuam. Conversam, mas não escuto. Mal respiro. Sinto meu corpo tremer.
Entram no apartamento.
Decido que não quero ver. Paro do lado de fora, em desespero. Me sento no chão, mas as imagens não me abandonam. Você a beija, como me beijava. Você a despe, como tanta outras vezes me despiu. Você a toca na cama em que compartilhamos sono.
A garota sem rosto já te ama. A garota sem rosta já te quer. Ela sonha em dormir com você, em acordar do seu lado. Você percebe que também gosta dela. Pede para que ela fique.
Ao contrário de mim, ela fica.
Choro na porta enquanto vocês riem durante o café da manhã. Ela te abraça por trás enquanto você corta as frutas, e diz que teve uma noite maravilhosa. Você para tudo o que faz, a beija, diz o mesmo. De forma sincera. Você está apaixonado pela garota.
Em mim, tudo é explosão. Ainda assim, começo a desaparecer. Como uma simples memória, fico mais e mais opaca, e quando você deixa seu novo amor em casa, marcam um novo encontro e se beijam de forma apaixonada, eu já me fui por completo.

People fade away.

Desapareci de você da forma mais simplória. Não mais que uma coceira, por vezes um espasmo. Enquanto em mim, sua presença é tão forte que torna-se matéria.
No corredores, você não me olha.
Nos bares, você não me vê.
Fui substituída por alguém que é todo mundo.
E agora que escolheu o fim, não me resta nada além do vazio.

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