O sofrimento me formou. Me fez quem eu sou. Me fez o que eu sou. As características boas. As ruins também. A amargura, foi ele. A compaixão, foi ele. A desconfiança, foi ele. O respeito pelos sentimentos alheios, também.
Ninguém se conhece se verdade, muito menos conhece os outros. Então com que direito julgamos? Como podemos desmerecer os sentimentos de alguém que não sabemos quem é, como se sente? Cada um tem direito a uma opinião, assim como cada um tem direito ao sentimento, qualquer que seja. Admiro a felicidade, quando real, das pessoas. Acho intrigante como conseguem senti-la no mundo em que vivemos. De quem é a culpa não importa. Que seja da mídia, da sociedade, de nós mesmos, do cachorro da vizinha... Mas considero muito mais bem aventurados aqueles que conseguem continuar vivendo apesar de. Apesar do time que perdeu. Apesar da fome que bateu. Apesar da conta que chegou. Apesar do tempo que passou. Apesar do amor que já morreu. Apesar dos outros. Não são felizes, e não fingem felicidade, nem negam o sofrimento. Aceitam, reclamam. São humanos e agem como tal. Não julgam os sofrimentos dos outros porque conhecem as dores próprias, e sabem como é, e sabem como dói, mas vivem. E andam. E respeitam.
Talvez colocar o sofrimento em um altar seja errado. Provavelmente é. Não acho que seja mais errado do que fingir que a felicidade mora vizinha, e é que é fácil, e que é constante. A felicidade não ensina nada pra ninguém. Tem o charme das mulheres bonitas que enjoam fácil das pessoas e não tem pena de abandoná-las. O sofrimento ensina. O sofrimento mostra. O sofrimento tira todas as nossas vendas. O sofrimento não quer que você seja egoísta. Ele procura por compaixão e respeito e compreensão. Ele mostra que se pode viver a partir de. Ele dá as melhores características que uma pessoa pode ter, desde que ela saiba lidar com ele, e vê-lo da forma correta. E aprender.
Eu nunca quis te responder a altura.
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