Ele teve que dizer duas vezes para que entendesse que aquilo era um já chega. Sua grosseria que me afastou, mas do que qualquer outra coisa. Mesmo quando estávamos tendo uma conversa normal, era como se cada frase tivesse um ponto final, pontos conclusivos, pontos que acabavam com o assunto, com a conversa e com minha admiração. As ondas quebravam nas pedras a mais de 300km dali, mas eu as sentia, as sentia me afogando, as sentia me sufocando. Eu as sentia, sentia como se ali fosse renascer e morrer, morrer, a morte propriamente dita. Tudo iria parar do lado de cá, e tudo iria continuar do lado de lá, lá. Talvez essa fosse a chave do universo, talvez a chave do universo fosse o lado de lá. Lá, uma palavra curta, mas direcionativa. Sim, direcionativa essa palavra existindo ou não. Ele me chamava para tocar música e caçar estrelas, não necessariamente nessa ordem. Ele era aleatório, eu fui uma escolha aleatória. Pois isso dizia que tudo era aleatoriedade. Depois dele ter falado duas vezes sai em direção as pedras, ao mar, as correntezas e quebradas, ondas quebradas, pedras quebradas. Ali renasci, ali percebi o que ele queria dizer com "caçar estrelas". Fui, nasci, morri, corri e algo mais. Mais, mais mais. Quanto mais melhor, quanto mais pior. Pior. Depois que mergulhei ficou tudo bagunçado, bagunçado, pensamentos bagunçados, ados. Água, ondas, pedras, e eu lá no meio. Bagunçados éramos nós. Nós.
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