sexta-feira, 22 de junho de 2012

Antes da chuva de sangue

Não sei mais como é viver como se fosse dissolver-me amanhã*. A felicidade nos deixa burros, alienados, cegos. Nos faz ver coisas boas ao invés de tentar solucionar as ruins. Nos acomoda.
Não nos lembra que não é eterno. Não nos lembra que é efêmera. Não nos lembra da tempestade que virá nos atormentar. Dos grandes estragos. Das ventanias.
Da chuva de sangue.
O amor nos isola, nos deixa dependentes, nos deixa mimados. O amor nos estraga, nos abandona quando lhe convém, e não conhece limites. O amor tira nossas asas.
Então, me explique a vontade de acordar ao lado. De fazer panquecas e tomar café. De dividir um cigarro. Me explique o desejo nos olhos e o fogo no coração. O prazer, a vontade. Me fale sobre a delícia do toque, sobre o significado escondido em cada um.
Mas por favor, me explique a inconstância, o excesso de planos. O excesso de expectativas. O excesso de borboletas no estômago. De medo. De insegurança.
Me explica as cores bonitas das árvores e o cheiro gostoso do vento.
Me diz que seu amor não vai abrir as mãos e esquecer do pássaro.

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Obrigada pelo dissolver, Natália.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Aparentemente o fundo do poço é só uma passagem pra um poço mais fundo