Vê-lo era sempre uma experiência nova. Talvez porque ele sempre estava mudado, talvez porque ela sempre estava diferente, mas era interessante. Cumprimentos curtos. Ele costumava beijá-la de verdade ao dizer "Olá". Não aquele encostar de bochechas de quem sente medo e/ou asco do outro. Era um beijo. Seco, forte. Se perguntava se fazia isso com todas. Trocavam algumas palavras, risadas, e então ela fugia por não aguentar a pressão. Ou não estar acostumada com ela.
Naquela cidade de arquitetura arrojada, isso tudo parecia fazer muito pouco sentido. Pessoas sentavam e bebiam ao redor dos espelhos d'água, enquanto as carpas nadavam e nadavam e nadavam. Umas procuravam as outras, algumas algumas coisas. Se encontravam tão juntas e tão distantes, como costuma dizer o velho clichê. Era como estudar em um biblioteca. Todos muito curiosos, mas pouco interessados, se é que isso é possível. É difícil lembrar se o amor no local era palpável, se era inexistente, se vinha todo dela
Todo grande altar é uma grande construção. Muralhas da China, Pirâmides do Egito. Só aparecem, ninguém sabe muito bem como, quando. E nunca se vão por completo, sempre se descobre algo novo sobre.
Amores platônicos tem sete vidas, e não reconhecem indecisão, indiscrição, nem indiferença.