segunda-feira, 31 de outubro de 2011

De pernas e costas doendo

Escrevi muito na minha cabeça, enquanto te observava. Agora tudo fugiu. É complicado, essa coisa de enxurrada de ideias. Acho que foi o efeito da sua mão quente na minha mão fria. Eu sempre tô gelada, sempre tô com frio. Não sei o que é, e não me interessa. É bom. Talvez você não seja assim tão quente, mas é o que eu sinto. E eu gosto. Não é como flutuar, ou tocar nas nuvens. Não é nada muito romantizado, Romeu e Julieta. É real. É só coração tranquilo. Estar onde se deve estar. Como se deve estar. Com quem se deve estar. E perceber isso. E aceitar isso. E saber que aquilo é pra você, e que você merece.
Ninguém precisa salvar ninguém dessa vez. Estamos no mesmo barco, indo, talvez, pra lugar nenhum.
Mas vamos juntos.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

02:02, horário de Brasília

Vê-lo era sempre uma experiência nova. Talvez porque ele sempre estava mudado, talvez porque ela sempre estava diferente, mas era interessante. Cumprimentos curtos. Ele costumava beijá-la de verdade ao dizer "Olá". Não aquele encostar de bochechas de quem sente medo e/ou asco do outro. Era um beijo. Seco, forte. Se perguntava se fazia isso com todas. Trocavam algumas palavras, risadas, e então ela fugia por não aguentar a pressão. Ou não estar acostumada com ela.
Naquela cidade de arquitetura arrojada, isso tudo parecia fazer muito pouco sentido. Pessoas sentavam e bebiam ao redor dos espelhos d'água, enquanto as carpas nadavam e nadavam e nadavam. Umas procuravam as outras, algumas algumas coisas. Se encontravam tão juntas e tão distantes, como costuma dizer o velho clichê. Era como estudar em um biblioteca. Todos muito curiosos, mas pouco interessados, se é que isso é possível. É difícil lembrar se o amor no local era palpável, se era inexistente, se vinha todo dela
Todo grande altar é uma grande construção. Muralhas da China, Pirâmides do Egito. Só aparecem, ninguém sabe muito bem como, quando. E nunca se vão por completo, sempre se descobre algo novo sobre.
Amores platônicos tem sete vidas, e não reconhecem indecisão, indiscrição, nem indiferença.

sábado, 8 de outubro de 2011

11:09

Os segundos se tornaram dias, que se arrastaram em séculos. Aquela jaqueta estava linda em você, e seu sorriso combinava perfeitamente com seus cabelos, que se apresentavam tão adoravelmente negros, bem na minha frente. Minhas mãos e pernas tremiam, enquanto você falava sobre gravatas. Me confundia, me repetia. Tropeçava no que ainda não entendo. Você por aqui, você em mim! Não sabia como lidar e fui embora. Queria ficar. Te olhar por mais alguns segundos que novamente se arrastariam em séculos.
É doce morrer de amor.