sábado, 21 de agosto de 2010

We force ourselves

Nunca senti algo tão horrível quanto a agonia de querer escrever e não conseguir, não conseguir organizar as ideias, ou pior: não conseguir ter ideias.
Se eu já não acreditava em minhas habilidades antes, agora que não acredito mesmo, mas o que eu quero dizer é: senti falta. E ainda sinto.
À todos que já fizeram elogios sinceros aos meus textos, eu agradeço do fundo do meu coração.
E eu espero em breve voltar a postar aqui com frequência coisas dignas, coisas que me deem orgulho, que eu perceba que vocês merecem ler.
Espero em breve conseguir voltar a escrever, como pura tentativa de me manter sã.



The Album Leaf - Over the Pond

The body stays, and then the body moves on.

Estávamos deitados. Eu com a cabeça em sua barriga e ele com a cabeça no travesseiro do batman. Ele dizia ser do irmão, mas eu nunca acreditei.
Gostava de ficar com ele em seu quarto. Era tudo muito bagunçado, jogado no chão, então minha presença ali não me parecia tão incômoda. Vez ou outra aparecia uma barata. Eu, mulherzinha que sou, me encolhia no canto enquanto ele ria, e ria, e ria... Gostava de me torturar com isso, sempre demorava para matá-las. Como elas eram seres vivos, fugiam e se escondiam nas roupas quentes, e ele só achava quando ia procurar uma calça ou algo do tipo. Aquilo me deixava perturbada, mas ele me abraçava e cantava alguma música que ele gostasse bastante - e que eu geralmente odiava, mas ficava escutando, quieta.
Ele me ensinava coisas. Coisas sobre conspirações, religiões, pessoas... mas nunca sobre si mesmo. Me direcionava um olhar profundo e doce e dizia que eu iria descobrir sozinha, eventualmente. E descobri, quase tudo. Quando já sabia o suficiente, fui, sempre com a sensação de que não sou eu quem vai embora.